Você.

Você disse que me ama pela primeira vez e logo em seguida veio o pedido que eu esperei por um ano inteirinho. Você finalmente havia me pedido em namoro, e eu chorei. Chorei todas as lágrimas que poderia ter chorado, e você me dizia que não era preciso chorar, que você ia fazer valer a pena. Eu joguei tudo o que conquistei pro alto, joguei o menino do coração de ouro aos sete ventos. Eu joguei e sofri, rezando para que você fizesse mesmo valer a pena. Minha vida estava finalmente concertada, com muito sacrifício tudo estava no lugar. Aí você reapareceu e bagunçou tudo. Fez meu mundo virar de ponta cabeça. Nem escrever sobre você eu estava escrevendo. Eu tinha poucos dias pra decidir o que fazer. Apesar de toda a frieza, meu coração falou mais alto. Eu aceitei o seu pedido, e passadas algumas semanas aqui estou eu, escrevendo de novo. Amando de novo. Sorrindo de novo. E você me dizendo o quanto é muito bom. O arroz branquinho, o ovo que queimou, mas ficou mole, a carne estragada, a quase desidratação por falta de água, os sonos até meio dia, a viagem de ônibus separados pelo corredor e o senhor que poderia morrer na poltrona da janela, a garrafinha de água com as facadas no peito de brinde, o futebol, o cinema e o casal que tinha acabado de conhecer o beijo, a massagem, os dois reais no bolso e iríamos pra praia, o inalador queimado, o controle das baforadas na bombinha de berotec. É tudo você. Cada dia, cada noite, faça sol ou chuva. É você. "Eu sou mais você do que fui qualquer homem que passou pela minha vida." Eu sou pra você.