Cega. Surda.

Você muda de cabelo esperando mudar de vida, mas a vida não muda. E é aí você resolve mudar. Não ligar, não procurar, não se importar. E quando está tudo dando certo, vem um desavisado falando de amor, mas agora eu sou surda, e aí? E o desavisado faz gestos de carinho, mas agora eu sou cega, e aí? E você percebe que mudar de vida não é tão difícil assim, e que se mudar o cabelo ajudou, que tal mudar seus conceitos? E você muda. E quando está tudo bem, o desavisado aparece, e aí falar de amor já não é suficiente, pois você é surda. Agora ele quer que você sinta, mas você está perdendo o tato também. E perderia os 5 sentidos se necessário, mas você precisa deles pra sobreviver. E você aprende que não precisa se livrar dos sentidos, você precisa se livrar do desavisado. E você se livra. E vive. E até consegue ser feliz, porque nunca precisou de ninguém pra isso. Você nasceu sozinha, aprendeu tudo sozinha. Não precisa de um idiota qualquer pra sobreviver. Você tem seus amigos, e pela primeira vez, você passou o fim de semana com quem queria passar, e o desavisado não fez falta alguma. E aí você espera que isso aconteça em todos os outros fins de semana. E acontece. E você esquece. Mulher nenhuma precisa desse idiota pra viver. Você não precisa dele pra viver. E com o tempo, você nem vai mais se lembrar dele, assim como aconteceu com os outros. Relembrar o passado será motivo para risadas. E só. Nada de saudade. O que está no passado tem motivos pra estar lá. Não queira fazer do passado o seu presente.